terça-feira, 17 de abril de 2012

O Advaita Vedanta


O Advaita Vedanta
Swami Kṛṣṇaprīyānanda Saraswatī

SOCIEDADE INTERNACIONAL GITA DO BRASIL
SANATANA DHARMA BRASIL
GITA ASHRAMA
Porto Alegre, RS - Brasil
2006-2012




1. O Darshana do conhecimento dos Vedas
O "Darshana" ou "visão dos Vedas" chamado de "Vedanta" está originalmente ligado ao Mimansa. E este, por sua vez, tem grande influência do Nyaya, etc. A lógica, ou Nyaya, quando foi introduzida dentro dos estudos dos Vedas promoveu uma verdadeira revolução dentro do viés filosófico védico. Alguns princípios notáveis, como o da Não-Contradição, vieram a tona diante do grande conjunto de afirmações e da sobrevivência de falácias que não mais conseguiam se manter na luz da razão. Apesar do Vedanta ter uma origem muito anterior ao Senhor Buddha, ele ficou obscurecido durante a vigência áurea dos ensinamentos do Gautama. Alguns seguidores de Buddha criaram escolas niilistas muito parecidas com as escolas estóicas dos antigos Gregos. De fato, podemos dizer que o "período platônico" era vigente na Grécia quando o Senhor Buddha veio ao planeta. Durante o período em que o Buddha influenciou toda a Índia, removendo o povo da chamada tirania dos Brahmanas, sobreveio a maior onda materialista que a Índia já havia conhecido. Até meados do ano 800 da nossa era, o viés niilista e materialista dos budistas prevaleceu. Devemos dizer, contudo, que o Senhor Buddha foi fortemente influenciado pela filosofia Jainista, principalmente pela maneira como eles viam o Karma, e pela importância que dão a essa matéria.

2. Vedanta, uma antiga visão
Adi Sankaracharya
O Vedanta é anterior ao Senhor Buddha, mas reapareceu pela misericórdia de Sri Adi Sankaracharya (sec. VIII). Nesta ocasião auspiciosa, Sri Adi Sankar deparou-se com quase uma centena de seitas diversas, sendo que algumas pregavam o mais absoluto niilismo e materialismo. Karvaka, e outros, como alguns Kapalikas, tinham chegado ao fundo do poço da degeneração moral. Mesmo pelo espírito magnífico de Sankar, considerado uma encarnação de Sri Siva, o Senhor Supremo, notamos uma forte influência do pensamento vigente na época da Sua curta vida na Terra. O Vedanta, na sua origem, é Advaita Puro ou Kevala Advaita. Mas muitos acharyas que vieram depois de Sankar perceberam a Mishra que havia entre o niilismo dos Jainistas e Budistas, e a filosofia Advaita. Sem dúvida nenhuma, a influência, ainda assim, permaneceu. O fato do Senhor Buddha ter desqualificado os Vedas como textos puros do conhecimento motivou muitos a darem as suas próprias explicações sobre as coisas. Devemos entender que nesta fecunda ocasião histórica ainda temos alguns resquícios do xamanismo, ou interpretação do mundo segundo os fenômenos da natureza.

3. Sri Adi Sankaracharya, o precursor

Sri Krsna Caitanya
Claro que o Senhor Sankara foi o reiniciador da filosofia Advaita Vedanta no Planeta. Depois d´Ele vieram muitos, uns mais ou menos criticando ou apoiando alguns pontos. Na origem, o Vedanta é não-dual, ou seja, há somente um único e mesmo Brahman que a tudo permeia, e todo o demais é apenas um passatempo Seu. No aspecto triádico no qual todas as correntes se debatem, na filosofia do Vedanta, encontramos o Purusa ou Brahman, a Prakriti ou natureza material, e o Jiva ou Atman individual, e como se inter-relacionam. Sempre em torno destes três aspectos é que irá girar a discussão filosófica. Na filosofia do Dvaita ou Dualismo, encontramos muitas explicações para legitimar a variedade de Jivas, o mundo e seus acidentes (formas, cores, tamanhos, etc.). As explicações que Sri Madhava fornece, por exemplo, são muitas vezes nascidas nas explicações dos Jainistas (isso o leitor poderá ver com muita clareza ao estudar sobre esta filosofia jaina). Os Jainistas, como todos os seguidores dos aspectos atomistas do Nyaya e do Mimamsa, defendem que tudo é átomo, e que estes átomos estão espalhados por todos os lugares desde sempre. Por isso a matéria e eterna, apesar da sua aparente destruição. Dizem, por exemplo, que a única coisa que é permanente é a impermanência. Muito de estas ideais irão influenciar Madhava, a ponto de quase definir o Jiva (alma individual) como algo material, tendo tamanho e limite. Madhava, Nimbarka e outros Acharyas, irão defender as ideias com um cunho profundamente devocional. Às vezes, não sabemos quem é que está dizendo algo, se são os Jainistas, os Budistas, Madhava, Nimbarka, Ramanuja, ou outro Acharya, como Sri Adi Sankara, apesar de este criticar o atomisto restrito. Às vezes os debates são tão acirrados que não temos como saber quem está com a razão, nos restando conformar com o que está sendo dito. Contudo, como diz Swami Sivananda, “no final das contas tudo não passa da uma diferente visão de uma mesma coisa, porque o que prevalece é o puro Brahman”.

A introdução de Bhakti direcionada a um Ser Supremo como sendo Vishnu justifica-se no universo de Madhava. Kapalikas, e outros fanáticos, estavam propagando erroneamente o nome do Senhor Siva, com condutas imorais e que afrontavam diretamente as Escrituras. Neste período (época em que Sankara apareceu), muitos falsos Sivaistas pregavam o comunismo de tudo e de todos: mulheres, filhos, propriedades, etc., e diziam-se encarnações do próprio Senhor Siva. Pensamos que nos dias de hoje estejamos vivendo algo semelhante em nosso meio... digressões à parte, Madhavaacharya faz um misto de filosofia Jainista, Budista, e outros pensadores que mais ou menos seguiam o viés predominante da época.

hari om tat sat

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