sexta-feira, 6 de maio de 2011

Por que não somos budistas I

Por que não somos budistas
Por
Swami Kṛṣṇapriyananda
SOCIEDADE INTERNACIONAL GITA DO BRASIL
SANATANA DHARMA
GITA ASHRAMA
2009



“O budismo é uma filosofia agnóstica e ateia, 
que usurpa as funções sociais e rituais duma religião”.


Jacques Maritain

ATENÇÃO
Este texto é de discussão filosófica, os aspectos religiosos pertencente as seitas dos 'budismos' estão fora do escopo do mesmo.



yata mata tata patha!
Iremos iniciar este tema sob o “budismo” (no seu sentido amplo e geral, porque podem existir tantos ‘budismos’ quantos seguidores seus...), com a definição dada por um filósofo cristão, Jacques Maritain. Antes, porém, é importante salientarmos a diferença entre um discurso calcado na fé cega e outro embasado na Filosofia. Ao contrário do que todos pensam, "Filosofia é uma ciência da razão", e não um palco de especulações e de “achismos” do tipo “eu acho então”. O Sanātana Dharma é essencialmente filosófico, e o estudo e conhecimento da Filosofia Védica tão somente é possível a partir do preparo, do estudo, bem como da compreensão e do entendimento da linguagem filosófica e da Filosofia. Afirma a tradição que sem a rendição ao Guru ou Mestre Espiritual, portanto, sem a Sua graça, não nos é facultado à realização do Conhecimento Supremo, ainda que Este seja alcançado através de nosso próprio esforço. O guru é quem nos dá os passos e a correta indicação do sentido e significado, tanto dos termos como das sentenças das Escrituras. E muito ao contrário do que a visão ordinária e comum diz, "Filosofia é um ato concreto da razão e do correto pensamento", não se tratando de ‘alucinações’, ‘devaneios’, ‘irracionalismos’, ‘sectarismos’ ou ‘insanidades mal denominadas de [filosofia]’. Aqueles falsos argumentos, protagonizados por fanáticos, nascem da doxata[1] (ver as notas no final do texto) ou da simples opinião sem reflexão ou raciocínio; são passionais, idiossincráticos, “ideológicos” e solipsistas. Não possuem qualquer validade epistêmica enquanto Filosofia; são imediatos no egocentrismo irreflexivo do manifestante. Por outro lado, o pensamento filosófico do Sanātana Dharma é calcado o que os gregos chamavam de “episteme”, ou seja, na investigação da razão, no “sapere aude[2], sem deixar de ser puro e notável enquanto investigação abstrativa, nem tampouco sendo egoísta e solipsista (conforme Immanuel Kant incentivou). 

Jackes Maritain
Vejamos, então, o que diz o pensador anteriormente citado sobre o “budismo” (repetimos, que podem ser muitos nos dias de hoje), e de que forma esta “religião” se indispõe frontalmente contrária ao Sanātana Dharma: diz o referido autor: “O budismo, doutrina essencialmente negativa e dissolvente, orientada, aliás, mais para a prática do que para a metafísica e a especulação, pode ser considerado a corrupção e a delinquência da filosofia Brahmânica”.[3] Além de ser esta “corrupção”, ou mesmo afrontamento contra o pensamento dos Vedas (Brahmānico vem do Smṛti ou Vedas), os budistas declaram que, “... a existência de Deus, como a de um eu substancial ou de uma alma imortal, é incognoscível (agnosticismo), e sua verdadeira tendência é negar a existência de Deus (ateísmo) e substituir toda a substância por uma corrente ou fluxo – concebido, aliás, como real em si mesmo – de formações ou fenômenos (fenomenismo: tudo é vazio; tudo é insubstancial, etc.). assim a metempsicose pare eles consiste na continuidade de uma cadeia de pensamentos e sentimentos (‘corrente de consciência’, como hoje se diria), que passa de um a outro modo de existência em virtude duma espécie de élan, para a vida devido ao desejo de ser; pois o desejo é a causa da existência, e ‘nós somos aquilo que antes tínhamos pensado’”.[4]

Jacques Maritain
Em termos de Filosofia, devida e propriamente dita, a proposta do budismo é de “substituição argumentativa” (o que não deixa de ser algum tipo de “transferência”).[5] No mais, percebemos nos argumentos budistas: “Substituindo ‘o que é’ ‘pelo que passa’; abstendo-se de dizer se uma coisa é ou não é; procurando conhecer somente uma sucessão de formações instáveis sem nenhum fundamento fixo e nenhum princípio absoluto. Em outras palavras, colocando antes do ser o que se chama vir-a-ser...”.[6]
Reforça-se que o Sanātana Dharma é exatamente o contrário do que apregoa o budismo; ou seja, defende o oposto do que afirmam e tratam, aquilo que é considerado como extremamente relevante pelo Sanātana Dharma. Mas, caso o leitor prefira, podemos então mostrar os antônimos dos termos:, neste presente texto pretendemos dizer que, agnosticimo gnose ou conhecimento; ateísmoteísmo ou crença num Criador; fenomenismosubjetivismo, neste, o sujeito é tal qual o Ātma ou “alma”, e não um corpo material. Para o Sanātana Dharma, o mundo é realidade temporária, diferente de “ilusória”. Pelo ponto de vista budista, o mundo é o que acreditamos que seja. Pelo ponto de vista filosófico, o mundo é o que é independente de crermos no que seja. Nosso conhecimento dele (do mundo) é limitado por nossa ignorância.

É possível uma “religião” que misture budismo e hinduísmo?
Budista e Sadhu Hindu
Seguindo um princípio lógico racional, como são formas antagônicas de ver o Ātma ou o Ser, não é possível tal “mistura” entre “budismo e hinduísmo”, ou se existir apenas será uma mistura sem “solução”, ou então será mais uma entre tantas invenções da mente fértil Ocidental (principalmente depois de terem assistido alguma novela[7], nascida da pura ficção imaginativa de alguma pessoa desinformada sobre o que é o Sanātana Dharma). Sabemos que é possível a convivência entre “ateus” e “não-ateus”, contudo, juntá-los numa nova religião é incoerente, apressado, e insano. Perguntem a um ateu que ele lhes responderá bem objetivamente sobre isso. Mas em todos os casos, caso resulte algo assim como uma “quimera religiosa” esta sempre será uma Miśra (misturança); algo sem fundamento em nenhuma Sampradaya (tradição filosófica) legitimada pelos Vedas e Escrituras a ela ligadas. A mentalidade fértil, bem como especulativa dos Ocidentais, os quais claramente não são filósofos, pensa ser senhora da Verdade, enquanto faz colocações insustentáveis pela luz da razão. Assim como um cristão não pode ser ateu, do mesmo modo, um “hindu” não pode ser budista. Quando alguém diz que segue uma “mistura de hinduísmo com budismo”, certamente, estamos diante de um embusteiro, especulador, sem conhecimento de filosofia, e completamente fanático. Ou será budista e não será hindu, ou será hindu e não será budista. Não tem como conciliar água e óleo; ainda que estejam num “mesmo copo” não irão solubilizar. É uma “mistura”, não uma solução! Sadhu, Guru e Sastra, constituem o tripé do Sanātana Dharma.[8] Pode ser que algum budista siga as instruções de um mestre, que seja reverente a ele e que tenha escrito alguma coisa. Mas será algo iniciado na sua visão pessoal, não irá respeitar os Vedas. No Sanātana-dharma, a liberdade de pensar não abre mãos do ensinamento do Mestre Espiritual, e o mundo não se resume na sua objetividade fenomênica. Portanto, não há como manter uma Miśra destas.

Conclusivo: ateu é ateu, teísta é teísta. Budismo é ateísmo; “Hinduísmo” é teísmo (crença num ser superior, onisciente, onipresente, tanto imanente como transcendente), pouco aqui importando se é personalista, impersonalista ou nenhum dos dois. Logo, “budismo” e “hinduísmo” sãos dois aspectos inconciliáveis filosoficamente, sequer deveriam estar colocados juntos numa discussão destas.

Como Caitanya contrapôs os budistas
Budistas tentam envenenar Caitanya
veja detalhes
É dito que certa feita um grupo de budistas de Orissa tentou envenenar Sri Caitanya, oferecendo a Ele comida contaminada. Um fenomenal pássaro apareceu e derrubou a bandeja contendo os tais "alimentos". Também é dito que este incidente promoveu a conversão de vários budistas na ocasião. Mas, mais do que um simples místico, Mahaprabhu foi um grande filósofo. Tendo um conhecimento profundo de Lógica, graças ao incentivo da Smarta Sampradaya (Sampradaya fundada por Śrī Ādi Saṅkarācārya, na qual iniciou-Se), Śrī  Kṛṣṇa Caintaya Bhārati[9], (Bengali তন্য মহাপ্রভূ - 1486 - 1534), conhecido como Mahaprabhu, desmembrou cada uma das “teses ilógicas” e niilistas dos budistas naquela época (um dos poucos remanescentes de então, que foram embora tão logo o governo dos muçulmanos também se foi). Ainda que tenham tentado envenená-lo com comida contaminada, Sua posição transcendental O salvou. Por outro lado, é salientado que, para evitar ser enganado por falsos filósofos, o devoto ou pretendente a devoto deverá seguir os passos dos ācaryas anteriores; a dikśa ou rendição ao guru está no fato de cumprir os votos preliminares e seguir o Sādhana que o guru lhe indicou. A presença física, ou a formalidade de namakara é um “acidente” no caminho do devoto, não é a substância. Contudo, há algo que deve ser feito tendo em vista evitar a miśra ou misturas de coisas.

O pensamento budista, por exemplo, é essencialmente falho em lógica em nove quesitos: 

1. A criação é eterna; logo, não é necessário aceitar um criador;
2. Esta manifestação cósmica é falsa;
3. ‘Eu sou’ é a verdade;
4. Nascimento e morte se repetem;
5. O Senhor Buddha é a única fonte para se compreender a verdade;
6. O princípio do nirvana, ou aniquilação, é a meta última;
7. A filosofia de Buddha é o único caminho filosófico;
8. Os Vedas foram escritos por seres humanos;
9. Todos são aconselhados a praticar atividades piedosas, mostrarem-se misericordiosos com os outros, e assim por diante.

Śrī Caitanya contra-argumentou cada uma destas afirmações utilizando-sE de Nyaya,[10] ciência na qual era sábio. Vejamos isso: 

1) se a criação é sempre-existente, não podemos ter, então, a teoria da aniquilação. Se aniquilação ou dissolução é a verdade máxima, conforme os budistas, então a criação não pode ser “sempre existente”;
2) igualmente “essa manifestação cósmica é falsa”, não se mantém pela teoria da aniquilação, porque a “tentativa de aniquilar tudo a fim de atingir o nada é absurda”, se é falsa, não tem como aniquilar. O mundo não é “falso”, mas temporário. O que sentimos como prazer e dor são reais, não são falsos, ainda que sejamos almas espirituais não podemos negar o corpo e suas contingencias.
3) se “eu sou” é a verdade, então não temos possibilidades de argumentação. A individualidade “eu” e “você” possibilita a argumentação. Como a filosofia “budista” depende de argumentação, então não pode reduzir-se a “eu sou”; é preciso existir outra pessoa para que possa existir argumentação entre “eu”  e “você”; o Senhor Kṛṣṇa argumenta com Arjuna o fato de que Ele e Arjuna sempre existiram, mas Arjuna não se recorda (B.gita. 2.12), portanto, há uma argumentação entre Kṛṣṇa e Arjuna (o que poderemos aqui reduzir de encontro entre Paramātma e Ātma), e sem que caiamos num dualismo ingênuo.
4) existimos (o Ātma que somos) em diferentes corpos, mas o fato de termos diferentes corpos não quer dizer que sejamos “diferentes” nestes corpos (como usar roupas para cada ocasião não nos muda em essência). Mesmo no transcurso da vida vamos mudando de corpo, de crianças para velhos. Apesar de a reencarnação ser comum entre nós e os budistas, eles não têm uma explicação clara sobre ela. Além do mais, o nascimento “humano” não é garantido, mesmo porque alguém alcança aquilo que deseja numa próxima vida.
5) Buddha é a única fonte para obter conhecimento. Esse reducionismo totalizante é chamado apropriadamente de “tautologia”, e ela peca exatamente por ser um pressuposto de verdade. Como podemos conhecer? A pergunta é filosófica, e a teoria do conhecimento budista não aceita um principio de conhecimento “padrão” ou standard, tornando-se especulativa, por conseguinte; de certo modo, isso gera a expressão yata mata tata patha” ‘cada um estabelece a verdade segundo a si mesmo’;  isso é solipsismo e idiossincrasia puros.
6) nirvana é a meta última. Como vimos, a “aniquilação” não se sustenta pela idéia eterna de “criação”. Porém, aniquilação é algo que se aplica ao que é temporário, não “eterno”; se a criação é eterna como se aniquila? o Senhor Kṛṣṇa explica no gita, canto 4.9 que “alcançamos um corpo espiritual”, portanto somos almas espirituais, e não corpos materiais;
7) dizem que a filosofia de Buddha é o único caminho: se há erros de lógica sumários na filosofia budista, como poderemos então aceitar que seja o único caminho? Isso é pressuposto de verdade, uma tautologia que em si encerra algo do tipo: todo-todo, nada-nada; nenhum-nenhum. 
8) Os Vedas foram escritos por humanos! Mas os Vedas são ensinamentos advindos do Supremo, Eles não foram criados pelos humanos; são transcendentais, e o conhecimento filosófico que está neles transcende as regras gramaticais. Pelo fato de alguém anotar algo segundo uma gramática deficiente não lhe afasta a idéia que quer transmitir. Os problemas filosóficos permanecem: quem somos, de onde viemos, para onde iremos? Hermenêutica é uma ciência filosófica, e simplesmente negar as perguntas não às responde e, por fim,
9) somente somos objetos de misericórdia de uma pessoa superior. Se formos aconselhados a ter misericórdia, devido ao sofrimento e miséria de alguém, aqui se refere à miséria de uma pessoa inferior a nossa. Alguém superior a nós não pode ser objeto de nossa misericórdia. O contrário é que é real. Este mesmo princípio defende que a justiça é a única forma de estabelecer a paz. Mas o que é justiça para um não será para outro, ainda que num mesmo objeto. Estes princípios relativos não se encaixam nas tautologias defendidas pelos budistas. 

Como vimos, as nove teses de sustentação budistas são falhas, porque partem de um pressuposto de verdade para negar outro. É evidente que se aceitamos a criação temos que aceitar um criador. Mesmo o tal “silêncio” dos budistas está cheio de ruídos da imperfeição da filosofia deles. Ao contrário do que argumentam, não é o negar de uma coisa que a soluciona, mas a dobra, “com/plica”.

Conclusão
Sri Adi Sankara Acharya
As nove “teses” budistas, nascidas na simples apreensão de alguém definitivamente não filósofo não se sustentam diante dos argumentos filosóficos do Sanātana-dharma. Há outros inumeráveis defensores da lógica Védica, bem como da Filosofia dos Vedas, como Śrī Kumārīla Bhāṭṭa, por exemplo, e do qual iremos falar num texto futuro (ver Por que não somos budistas II)
Nossa crítica aqui se reduz tão somente à Filosofia, pouco nos interessa discussões outras de fundo ideológico ou sectário e ou místicos religiosas. A diferença entre uma discussão teórica filosófica e uma de caráter ideológico é claramente citada por Bunge: “... uma teoria é constituída de hipóteses, não de afirmações dogmáticas, e não contém juízos de valor nem programa de ação (...) Além disso, em geral uma ideologia não é produto da investigação básica, e nem se modifica com os resultados desta: até aqui, as ideologias (no seu sentido amplo) têm sito bastante resistentes às novidades científicas. Uma ideologia pode mudar, mas apenas nos detalhes: se um ismo mudasse radicalmente, deixaria de ser aquele ismo”. [11]
O Sanātana dharma não se trata de “ideologia”, nem está calcado na tola visão solipsista e idiossincrática do “eu acho então”, tão comum e ordinária no pensamento da simples apreensão. Uma reflexão profunda entre as visões irá pelo menos oportunizar o conhecimento acertado de cada aspecto, fazendo com que o buscador encontre o sentido e orientação seguro para sua sabedoria.

hari hara om tat sat



Glossário
Ācarya: mestre que ensina pelo exemplo; alguém ligado de forma fidedigna a uma Sampradaya e Guru parampara.
Acidente: em Filosofia diz respeito ao aparente, externo, efêmero; que não afeta a essência ou substância.
Advaita: pron. ”aduaita”= não-dual”; princípio filosófico da unidade entre Brahman, Prakṛiti e Puruṣa.
Ateísmo: “a= não; teísmo= deus”; não crença em Deus; ausência de Deus.
Ātma: consciência, “alma”, aquilo que somo realmente; o mesmo de Brahman.
Bhagavad-gītā: “sâns. masc. pron. o “bhagauad guita”; “A canção de Bhagavam”; poema épico védico, contendo relembranças sobre os ensinamentos dos Vedas.
Budismo: termo genérico referente a várias crenças religiosas niilistas e atéias.
Dikśa= sâns. pron.  “diik-sha”, processo védico, segundo a tradição, de receber a iniciação através de um guru fidedigno na sucessão discipular; sem ente processo uma pessoa não pode ser considerada “hindu”.
Doxa: (δόξα) é uma palavra grega que significa opinião e de onde se originam as palavras ortodoxo e heterodoxo. Utilizado pelos retóricos gregos como ferramenta para formação de argumentos através de opiniões comuns, a doxa foi manipulada pelos sofistas para persuadir as pessoas, levando Platão a condenar a democracia ateniense. Modernamente significa, opinião pessoal; irreflexiva, sem episteme ou conhecimento verdadeiro; pura crendice.
Filosofia: do grego Φιλοσοφία: philos - que ama + sophia - sabedoria, « que ama a sabedoria »; é a investigação crítica e racional dos princípios fundamentais relacionados ao mundo e ao homem.
Miśra: sâns., “miśra”: confuso, ambíguo, misturado, misto, mixado.
Mokṣa: liberação do Samsara.
Nirvana: no Sânscrito tem o sentido de “nir= não; vana= ruído”; “sem ruído”. O Hinduísmo usa o termo nirvana como um sinônimo para moksha e fala-se a respeito em vários textos hindus, bem como na Bhagavad-Gita. Os conceitos hindus e budistas de Nirvana "não devem ser considerados equivalentes".
Nyāya: é uma das seis escolas de pensamento que integram a filosofia indiana ortodoxa. O fundador dessa escola, Gautama, era conhecido em sua época como Aksapada, o de olhos fixos nos pés. O texto de maior importância dessa escola é o Nyaya-Sutra, escrito no século VII a.C. A escola Nyaya é de importância ímpar no desenvolvimento da filosofia indiana devido ao seu papel na construção de um sistema lógico e analítico, do qual nasceu todo o resto da filosofia lógica indiana enquanto que houve desenvolvimentos paralelos em diversas outras áreas filosóficas.
Pramāna: Epistemologia védica; auto-evidência sagrada; origem do conhecimento.
Saṁpradaya: tradição que segue a ordem de sucessão discipular ou guru parampara de uma linhagem fidedigna, surgida na origem dos tempos. A palavra literalmente pode ser lida como “tradição”, isso porque segue o Pramana dos Vedas.
Saṁsāra: roda de nascimentos e mortes; “reencarnação” do Ātma num corpo material.
Sanātana Dharma: sâns.: pron. “sanátana= eterno ou sempre sendo”; “dhárma= ordem; princípio”; “ordem eterna”; correto nome para “hinduísmo”. A religião védica.
Śrī Adi Śaṅkaracarya: restabeleceu o teísmo védico na Índia no séc. VIII; Sua presença foi decisiva para a expulsão definitiva dos budistas do território Bharata Varsa (o que chamam Índia) e reimplantação do Sanatana Dharma. Foi o principal formulador doutrinal do Advaita Vedânta, ou Vedânta não-dualista. Segundo a tradição, foi uma das almas mais excelsas que já encarnaram neste planeta, chegando a ser considerado uma encarnação de Shiva. Sua vida encontra-se envolta em mistérios, prodígios e lendas que a tornam semelhante à de outros insignes mestres espirituais da humanidade, como Jesus e Maomé. Outras grafias do seu nome são: Sankaracharya, Sancaracarya, Shankaracharya, Sankara, Adi Sankara, Adi Shankaracharya ou Adi Shankara, também chamado de Bhagavatpada Acharya (que significa "o Mestre aos pés do Senhor").
Śrī Kṛṣṇa: A Suprema Personalidade de Deus; o todo atrativo.
Tautologia: do grego ταὐτολογία é, na retórica, um termo ou texto que expressa a mesma ideia de formas diferentes. Como um vício de linguagem pode ser considerado um sinônimo de pleonasmo ou redundância. A origem do termo vem de do grego tautó, que significa "o mesmo", mais logos, que significa "assunto". Portanto, tautologia é dizer sempre a mesma coisa em termos diferentes.
Vedānta: sâns. pron. “vedânta”; “conforme os Vedas”; parte dos Vedas. Visão
Vedas: (pronuncia-se “os vêdas), conjunto de ensinamentos sagrados; máximas do Sanatana Dharma; ponto final (télos= finalidade; para quê) de comparação e esclarecimento de um problema filosófico; Pramana.

Referências Bibliográficas

MARITAIN, Jacques. Introdução Geral à Filosofia. 15ª Ed., Rio de Janeiro, Agir, 1987.
- Dicionário on-line de Filosofia. http://www.defnarede.com/
Aiyar & Tattvabhushan, Sri Sankaracharya. Su vida y época. Biblioteca Orientalista, Barcelona, 1908.



[1] A expressão advém do Grego: “doxa= opinião”, oposta a “episteme= conhecimento racional” fora da idiossincrasia e solipsismo.
[2] “Sapere aude” é uma expressão do Latim que significa, "ouse saber" ou "atreva-se a saber", por vezes traduzido como "tenha a coragem de usar teu próprio entendimento". Seu emprego mais conhecido está no ensaio “Razões do Iluminismo”, de Immanuel Kant, que dá ênfase à luz da razão, ao contrário das crenças e tolas idiossincrasias.
[3] MARITAIN, Jacques. Introdução Geral à Filosofia. 15ª Ed., Rio de Janeiro, Agir, 1987, p. 28.
[4] Ibidem, p. 28
[5] Quando alguém não possui argumentos filosóficos e lógicos sobre alguma coisa, então transfere para outra. Por exemplo, dizer que a vida da Terra surgiu de outros planetas não supera o problema da “origem da vida”, apenas o transfere, sem responder as questões filosóficas envolvidas.
[6] MARITAINS, Jacques, p. 28, grifo nosso.
[7] Não faz muito tempo exibiram uma novela, total ficção, mal informando sobre o que é o “hinduísmo” ou Sanatana Dharma, misturando com superstições populares e cultuais com o sentimento religioso.
[8] Sadhu, guru e Sastra refere-se à sabedoria ou ao sábio (sadhu), pertencente a uma linhagem fidedigna ou Sampradaya, e que baseia-se nas Escrituras e ou comentários autorizados dElas (Sastras).
[9] Pronuncia-se “chaitãnia)
[10] Lógica védica.
[11]Ibidem, p. 149.

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